Designer de interiores cria luminárias com bases de madeira, louça e cimento

Mulher cria peças lindas após fazer curso de marcenaria unindo conhecimento com criatividade.


RIO - Tudo na mão da carioca Martina Bolletini vira base para uma luminária: porcelana, madeira, cortiça, cimento.

— Estava passeando na Liberdade, em São Paulo, quando vi numa loja potes de louça de comida japonesa. Pensei: “Isso daria uma luminária” — conta a designer, de 24 anos, falando sobre inspiração.

Acabou comprando quatro modelos diferentes (“Era o que cabia na mala”), focada em transformar as peças em suporte. Consultou o Google para descobrir o tipo de broca que furaria o objeto. Investiu no aparelho e voilà: deu à luz o primeiro acessório da Fast Foward Design.

— É muita experimentação. Cada material tem um jeito de cortar — diz Martina, que criou a marca há um ano.

O nome, ela explica:

— Sou ligada nos 220 volts.

E o conceito?

— A ideia era criar um ateliê com preço acessível. Além disso, percebo que as coisas de design não são táteis. Sou muito tátil, gosto de tocar, de sentir.

Ela fez o primeiro protótipo num curso de marcenaria. Detalhista que é, finalizou a luminária com pé de madeira em casa. Propôs uma vaquinha entre a família para comprar máquinas (lixadeira, furadeira, esquadria, tupia) e montou uma oficina no quartinho dos fundos de sua casa, no Humaitá, onde mora com o pai. Em um mês, espalhou-se pelo apartamento, entupindo a sala de cavaco, fios, bocais, lâmpadas e interruptores. Parte do material, ela compra em São Paulo. Mas tem outra que cata na rua.


— Ando para cima e para baixo em Botafogo com o fastinho (um carrinho de carga). Tem muita obra no bairro, então, encontro muita madeira boa (pinus e cedro) — diz Martina, que também trabalha como designer de interiores.

O expediente ferve de segunda à quinta. Sexta é dia de faxina. A meta, por ora, é montar um ateliê “de verdade”.

— Quero ter meu próprio espaço. Posso compartilhar ateliê com outros artistas. As pessoas é que não podem compartilhar comigo. Faço barulho o dia inteiro — brinca Martina, que tem um ajudante, o designer Vinicius Benevides.

A Fast Foward já mostrou a cara em eventos como o bazar O Mercado, em Laranjeiras, e a feira itinerante Coro Come. Também ocupa um cantinho da loja Mutações, no Humaitá. Para cada evento, Martina produz 30 peças. Como viver da venda de luminária ainda não é uma realidade possível, o jeito foi fazer outros objetos: relógios, organizadores (que chama de bolachas), espelhos, nichos e terrários. Outra saída é fazer peças por encomenda.

— Não abrimos vagas para o Coro Come — afirma a curadora, Camila Felix. — Quando vejo um trabalho original, convido a pessoa para participar como forma de agregar cultura, já que nossa essência é a gastronomia. Sou suspeita para falar, porque a Martina tem lugar cativo. Ela se destaca entre as novas marcas de design — diz.

Fonte: https://oglobo.globo.com